Meu interesse pela arte começou com o desenho e quando tive contato com as primeiras esculturas em museus, isso me impressionou muito e, mais tarde, me levou a buscar essa possibilidade de criação tridimensional.
Durante minha vida, tive a oportunidade de trabalhar na Argentina, em Buenos Aires como técnico em eletrônica recém-formado. Lá, pude me aproximar e estudar escultura através de oficinas e posteriormente, da Escola de Belas Artes Prilidiano Pueyredon, que ampliou meu conhecimento sobre todo o universo da arte e da escultura.
Desde então, a escultura se materializou na minha vida e minha obra vem se construindo com referências latino-americanas, europeias, africanas, indígenas e tudo que me atrai no desenvolvimento da escultura, na história do ser humano no planeta. Tenho uma conexão especial com materiais como madeira, ferro, pedra e resinas, sempre me interessando pela assemblage deles e na potencialização de suas energias, me interessa muito a história das coisas, suas cicatrizes e como incorporá-las ao diálogo estético da obra. A natureza também me inspira, particularmente a Mata Atlântica de Guapimirim-RJ, onde vivo, e as referências indígenas e mestiças que vêm da busca pelo conhecimento da minha herança pessoal, com bisavós indígenas que me ajudaram a reconhecer e construir uma identidade estética pessoal e autoral, como artista e como pessoa.
O reaproveitamento e sustentabilidade são importantes para mim, reconhecendo que cada coisa tem sua história e seu valor e re-significar essas energias constroem um ser mestiço e novo, como eu mesmo me reconheço. Cresci no bairro de Irajá, subúrbio carioca, e isso foi determinante para a construção do meu imaginário estético suburbano e mestiço.
Tive a oportunidade de estudar com grandes mestres da escultura na Argentina, como Oscar de Bueno, Henrique Valderey, Angel Marssoratti, Alfredo Percivalle, entre outros, que compartilharam generosamente seus conhecimentos e me ensinaram a ter essa mesma generosidade para com a arte e transmiti-la para outras pessoas interessados nesse caminho maravilhoso.
Em 2004 o projeto da Oficina de Experimentação escultórica foi incorporado pelo Coletivo Calouste e desde então, tenho orientado o ateliê de experimentação Escultórica no Centro de Artes Calouste Gulbenkian do Rio de Janeiro.
Também orientei a oficina de Mobiliário Escultórico em 2019, onde produzimos mobiliários de troncos de arvores caídas nos jardins do Calouste e de 2015 a 2021, fui o Presidente do Coletivo Calouste, uma associação sem fins lucrativos que há mais de 32 anos coordena as oficinas do Centro de Artes Calouste Gulbenkian, promove exposições e apoia a arte e os artistas que frequentam o Calouste.
Tenho muito orgulho do caminho e de poder passar meu conhecimento e experiência adiante e sou muito grato pelos encontros que este lindo caminho me ofereceu, espero poder continuar caminhando e compartilhando com vocês por muitos anos.